O equilíbrio do casal está no compartilhamento de responsabilidades, objetivos e conquistas
Embora homens e mulheres estejam assumindo as responsabilidades domésticas, ainda é muito maior o número de mulheres que trabalham fora e cuidam da casa e dos filhos. Conforme destaca Sheryl Sandberg, a mais alta executiva do Facebook, em seu livro Faça Acontecer: mulheres, trabalho e vontade de liderar, nos Estados Unidos, quando marido e mulher estão empregados em tempo integral, a mãe cuida 40% mais dos filhos e 30% mais da casa do que o pai.
Tendo como base uma pesquisa realizada em Minas Gerais, a autora também cita que as brasileiras cuidam quatro vezes mais dos filhos e do serviço doméstico que os brasileiros. Esses dados só constatam o que vemos no dia a dia – estamos longe de uma condição de paridade.
• Quem cuida da merenda das crianças?
• Quem acorda para amparar o bebê?
• Quem busca na escola quando a criança está com febre?
• Quem escolhe a creche?
• Quem prepara o jantar?
Quando as respostas para essas perguntas deixarem de ser óbvias, simplesmente, porque entende-se que as mães têm uma propensão natural para cuidar desses assuntos, teremos um mercado de trabalho mais igualitário e mais chances de que o casal viva em harmonia com suas escolhas. Afinal, nada impede que homens desenvolvam tais habilidades e desfrutem de seu tempo com as crianças, não como “babás”, mas como pais e responsáveis.
Planejamento
No geral, as pessoas costumam fazer planos de maneira vaga: “a educação será assim”, “quando ele crescer iremos colocá-lo em aulas de inglês e tênis”. O casal não se preocupa em responder questões práticas, por exemplo, como quem irá levá-lo para as aulas de inglês; se os dois continuarão trabalhando após o nascimento do bebê; se o pai estenderá o período de licença ou só conseguirá ficar em casa por poucos dias; se a criança ficar doente e precisar de cuidados específicos, quem poderá ficar no hospital. Avaliando remuneração, estabilidade e flexibilidade no emprego, além de planos pessoais e de carreira, essas e uma porção de outras decisões devem ser esclarecidas e tomadas em parceria.
Pais do lar
Quando os homens decidem dar um tempo na carreira para cuidar dos filhos, há uma cobrança feroz da sociedade. Os sogros, os amigos, o porteiro do prédio, os professores da escola, os pais dos outros alunos, todos veem o pai do lar como um desempregado e não como uma pessoa que optou por dedicar-se a outras atividades.
Parece uma decisão de outro mundo um homem abandonar sua carreira, mesmo que por um ou dois anos, enquanto dedica-se a educar os filhos e administrar a casa. Mas e se sua companheira tem mais estabilidade e melhor remuneração ou chance de crescimento, por que ela deveria deixar o trabalho?
A solução para que muitas mulheres continuem no mercado é o apoio do parceiro em casa, dando banho nas crianças, levando-as para as aulas, fazendo o jantar, isto é, assumindo as atividades domésticas como verdadeiros companheiros no “empreendimento familiar”.
Infelizmente, esses pais ainda podem ser desencorajados e menosprezados por seus colegas e até pelo mercado de trabalho. No geral, a volta não é nada fácil. É preciso submeter-se a salários e cargos inferiores. Mesmo depois de anos dedicados a atividades extremamente importantes – a educação de um filho é, de fato, um projeto trabalhoso que exige competências como comprometimento, proatividade, liderança, entre tantas outras – quando esse homem decide retornar ao mercado, poucos contratantes têm interesse pelo seu perfil, principalmente, por conta da interrupção na carreira.
Assim, a melhor estratégia para esses pais retornarem ao mercado após uma experiência em casa é manter a rede de relacionamentos ativa, o perfil no LinkedIn atualizado, participar de cursos para reciclar conhecimentos e, assim que possível, buscar atividades de meio período ou trabalhos como freelancer para ir retomando o contato com a profissão.